Será esta a minha Primavera
Única, singular, primeira.
No meu Outono, no meu esteio.
Como se as águas fossem o espelho
Reflexos da minha procura
É pouco tudo o que vejo
É engano muito do que sinto.
Uma flor basta
para te sentir em cada pétala,
mesmo que uma ou outra caia.
Pressinto-te na neblina
Onde o cume da montanha
Roça ao de leve no céu
Convertes-te num anjo
De sorriso azul
E mesmo sem asas
O vento leva-te nos braços
Já não te ouço os passos
Uma rosa a abrir
O nevoeiro a subir
Um pássaro ainda a dormir
E o sol a encobrir
Gatos que parecem sorrir
No meio da chuva a carpir
O silêncio teima em proibir
A minha janela de abrir
Eu vou andando, ela só voa
Eu vou cantando, ela ecoa
Eu vou gritando, ela emociona
Eu vou chorando, ela perdoa
Ela é uma borboleta
Eu, somente uma pessoa.
Na solidão
escondo os ruídos
que me adormecem.
Na solidão
gravo o silêncio
das minhas preces.
Quando merecem.
Eu tenho um sonho
De poder voltar a esse lugar
De sentir de novo esse cheiro a mar
Onde a terra incorpora
O meu verbo amar
Eu tenho um sonho
De poder sublimar o teu negro olhar
De voltar a estar onde deixei de estar
Deixar-me levar
Poder divagar
Vestir-me de azul
Á luz do luar
Volta serenidade
Ao lugar onde te encontrava
Em silêncio
Caindo a tarde quase adormecida
Na sombra do esteio
Do ventre materno
Sem saudade
Como um enamoramento
Deixo-me guiar pelo tempo
Toco num moinho de vento
E volto ao mesmo lugar
Parto de um porto de mar
Ancorada a um navio
Perco-me no meu desvario
E volto ao mesmo lugar
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